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  • Foto do escritorLidia Ferreira

Desapegue-se do Mundo E Tenha Um Encontro Com Você Mesma


Nem vivamos apegadas demasiadamente com o mundo e nem tão pouco aos outros ao ponto de nos encontrarmos perdidas engolidas pela imensidão do vazio alheio.


Existem pessoas que se apegam a coisas, lugares, experiências, mas outras que possuem um nível de apego emocional tão profundo que acaba interferindo no dia a dia tornando-as prisioneiras que impedem de serem livres e realizadas.


Como seres humanos que somos todos, nós nascemos com necessidades essenciais em comum como a de sermos aceitos e de fazermos parte de um grupo com o qual nos identificamos. Saber que somos amadas e aceitas nos permite o sentimento de segurança que reflete no desenvolvimento emocional.


Apego, um velho conhecido nosso


Ao nascer o bebê necessita tanto de cuidados quanto de atenção constante. Por volta do quinto mês de gestação, o bebe começa a identificar os movimentos do corpo da mãe, assim como o som dos batimentos cardíacos. Alguns estudos afirmam que o estado emocional da mãe durante a gravidez pode afetar o desenvolvimento do bebê. Nos primeiros momentos de vida, o recém nascido ainda inseguro, após o sofrimento do parto parece reconhecer quase imediatamente a voz que agora de forma clara e suave o acalma e o faz se sentir seguro nos braços de sua genitora. Com o passar do tempo a conexão entre mãe e filho se torna cada vez mais forte e os dois experimentam um verdadeiro e puro apego mútuo.

Porém conforme o bebê vai crescendo, diminui a necessidade de receber cuidado e atenção exclusiva da mãe e o apego vai tomando outra dimensão.

No entanto, mesmo que muitas mães em algum momento da vida desejassem obter poder para manter os filhos sempre debaixo das asas maternas é necessário permitir que eles venham aprender a voar. Fortalecer as asas e a visão faz parte do nosso maior papel como mãe, pois somente assim é possível eles seguirem no processo de desenvolvimento e amadurecimento para uma vida saudável.


No entanto, quando por algum motivo esse “deixar” não ocorre no momento correto, o apego pode se tornar nocivo o suficiente ao ponto de sufocar as relações levando até a morte da identidade desse indivíduo. Quantas pessoas que possuem bloqueios e uma enorme dificuldade de confiar nas próprias decisões devido a falta de oportunidade de voar com as próprias asas.


Desapegar é não deixar nada tomar conta do seu coração.


Quando o apego se torna nocivo


A maioria das pessoas não possuem consciência de que carregam o peso do apego. Quantos sofrem uma vida inteira por não conseguirem se despegar do que aconteceu a anos atrás. Perpetuam a dor e o medo que, às vezes, estão relacionadas a um único momento, seja a uma palavra ferina ou até um acontecimento feliz que jamais se repetiu.


Apegar-se pode ser um motivador para prosseguir mesmo diante de qualquer barreira quando o objetivo é superar metas ou alcançar objetivos pré-estabelecidos com base em crescimento pessoal ou profissional. Mas existe uma linha tênue entre o apego e a resistência ao desapego. Enquanto o apego é algo positivo que está relacionado ao fazer parte de um grupo ou de um contexto ou de estar conectado a alguém, a resistência ao desapego, ou a percepção de existência mesmo sem a pessoa ou objeto “desejado” é quase nula.


Assim como um dos sinais de amadurecimento saudável de uma criança é poder se ausentar da presença dos seus cuidadores gradativamente durante as fases do crescimento, poder estar longe de alguém que amamos ou de algum objeto de valor também é demonstração de maturidade e equilíbrio emocional. Porém, existem pessoas que não conseguem se desapegar ou “dar espaço" a certas relações. Pessoas que exibem um comportamento controlador como se o “objeto de desejo” fosse posse permanente e exclusiva, como se estivessem pago ou conquistado esse espaço de forma definitiva independente da vontade da outra pessoa. Indivíduos assim levam suas vítimas a viverem sufocadas e diminuídas pois não respeitam ou permitem a individualidade e o espaço do outro. Provocam um relacionamento dominado pelo medo, chegando até ao abuso emocional, patrimonial, verbal, sexual e físico.


Comportamentos assim devem ser denunciados e ambas as partes devem ser tratadas para identificar as possíveis causas e também evitar as consequências mais graves relacionadas com relacionamentos abusivos.


Mas existe também uma outra forma doentia da #resistência ao #desapego que está relacionada com a recompensa secundária que leva essa pessoa a negar ajuda que resulte em mudança. Originalmente a psicanálise identificou os conceitos de ganho primário e secundário vindo a ser registrado pela a medicina como os benefícios que o transtorno do ganho ou recompensa secundária podem proporcionar aos pacientes que demonstram o desejo de continuarem doentes. Essa atitude é considerada doentia tanto pela a medicina quanto pela a psicanálise e manifestada pela a rejeição aos tratamentos que estão conectados com a necessidade de manter-se apegada à doença. O paciente que resiste ao tratamento usa da sabotagem para manter-se ligado à doença ou ao que recebe de outras pessoas por estar doente. Algumas pessoas com transtorno secundário podem até forjar sintomas inexistentes, de forma consciente, para receber algum #privilégio, como manter-se próxima de certas pessoas para receber atenção especial. No entanto, ao contrário do ganho secundário, o ganho primário está relacionado com um fato real que levou o indivíduo à enfermidade. Um exemplo de ganho primário é quando um trabalhador sofre um acidente no trabalho e necessita se ausentar não somente para se recuperar fisicamente mas também emocionalmente de possíveis traumas ou ansiedades que estão relacionados com o fato ocorrido.

O apego doentio pode ser qualquer coisa que desregula você emocionalmente.


Um outro exemplo bastante comum de ganho secundário é a pessoa que não consegue se desapegar dos objetos pessoais, sendo estes, desde de um objeto de valor sentimental até um jornal velho. Os hoarders ou acumuladores são pessoas que em um determinado momento da vida passam a rejeitar se desfazer de qualquer objeto pessoal e sem uma explicação lógica juntam descontroladamente tudo que possuem. Normalmente esse distúrbio está relacionado aos traumas da infância ou de um evento específico que leva a essa pessoa a se cercar de tudo que é possível como se quisessem evitar uma nova “perda”. De forma inconsciente, os acumuladores acabam afetando os relacionamentos devido ao comportamento doentio e podem chegar ao ponto de receberem intervenção médica que muitas das vezes é solicitada pela própria família depois de muitos anos de sofrimento.


Pessoas que recebem tratamento contra essa doença normalmente conseguem restabelecer uma relação saudável tanto com os familiares e amigos quanto consigo mesmas. Porém muitas apresentam recaídas e necessitam de um acompanhamento de longo prazo com especialistas de saúde mental, além do apoio e compreensão de todos.



O acúmulo de apego ou a dificuldade de desapegar pode paralisar fazendo você se tornar prisioneira de algo ou de alguém.


Identificando e Ressignificando o Apego


É possível encontrar um lugar onde seus pés e sua mente podem se sentirem seguros o suficiente de forma que você se sinta inteiramente completa e plena. Se você tem apresentado dificuldades para permitir que alguém “se vá", podendo ser: uma relação que terminou mais que você ainda não aceitou, ou um plano que não deu certo e que você não quer desistir dele, ou um acontecimento que mudou a sua história e te aprisionou levando você a conviver com um sofrimento que parece não chegar ao fim, mesmo assim é possível encontrar esse lugar.


Primeiro é necessário identificar o que está acontecendo para dar nome a tua dor e assim, poder encontrar o caminho que te leve a firmar seus pés novamente em um lugar seguro antes de seguir em frente.


Como forma a te ajudar a refletir mais sobre esse assunto gostaria de convidar você a fazer para si mesma essa pergunta abaixo buscando fazer a ligação entre o fato do passado com a frase de ressignificação ao lado de cada frase.


Pergunta para reflexão

Quantas vezes você pensa por dia em algo ou alguém que te fez “mal” ou “algo” que não saiu fora do seu “controle”?


  1. Uma limitação pessoal que você não consegue aceitar - limites não são barreiras mas podem ser atalhos para encontrar novos #caminhos. Procure outras habilidades e desenvolva novas técnicas de aprendizado. O seu corpo pode até ter limites mais a sua imaginação jamais.

  2. Um relacionamento que acabou - Assim como outras perdas importantes, como perda de um ente querido, todas as fases do luto possuem fases que precisam ser vividas mas também superadas. Uma dessas fases é a negação que ocorre normalmente logo após a morte de alguém pois não queremos aceitar que esta pessoa amada nos deixou. No entanto, é necessário se permitir seguir para a fase seguinte para que a vida possa encontrar um novo significado.

  3. O projeto fracassou - o pior #fracasso é desistir não necessariamente desapegar, porém reformular os planos, encontrar novas estratégias e mais importante aceitar que o fracasso faz parte do processo de #crescimento e amadurecimento pessoal.

  4. Um abuso ou trauma que você sofreu - ser abusada é o mesmo que ser #injustiçada e roubada ao mesmo tempo. Existe um roubo de sonhos e da dignidade além da sensação de segurança e valor próprio. Mesmo assim, é preciso superar os traumas provocados pelo abuso e isso só é possível quando o desapego ao ato acontece. Por mais que possa ser extremamente difícil e doloroso “deixar ir” pode representar “se #reencontrar”, “se libertar”, “#recomeçar”. Não permita continuar presa ao que aconteceu pois ninguém merece essas correntes. Se você vive “presa” por esse motivo, peça ajuda para que seja possível você cortar o que te amarra ao seu abusador. Você merece viver livre.

  5. Uma palavra que machucou a tua alma - o apego à falta de perdão provoca doenças psicossomáticas e outras dificuldades que podem até contaminar a nossa existência. Aprenda a não criar expectativas que estão acima do que certas pessoas possam te oferecer, pois só podemos dar o que temos, por isso se você não desapegar a sua alma ferida você vai acabar exalando um odor desagradável que não combina com a sua #identidade.

Apegue-se às possibilidades de viver algo novo.


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